segunda-feira, 10 de março de 2008

Necro-combustíveis


A obtenção de energia através de fontes menos impactantes do que os combustíveis fósseis é um avanço inegável e deve ser estimulada. Porém o que não pode acontecer é a troca de um problema por outro como o que está acontecendo: se está tentando substituir o consumo de um recurso finito, petróleo, pelo consumo de energia que utiliza e degrada outros recursos finitos (água, solo, biodiversidade) para sua obtenção quando mal manejada numa esfera maior.

A questão que sobressai disso é a urgente mudança do modelo de uso de energia construído ao longo dos últimos dois séculos. Se cada cidadão chinês, por exemplo, resolver ter um nível de consumo de um norte-americano médio precisaríamos de 3,5 planetas como esse para sustentar esse consumo. Portanto não há geniosidade nem pesquisa suficiente para resolver esses problemas enquanto não houver uma mudança geral de consciência a longo prazo e de preocupação com o planeta em que vivemos e com as pessoas que o compartilham.

Festa da Uva


Caxias do Sul não comporta mais uma festa como a Festa Nacional da Uva, a cidade tem que escolher entre manter a tradição ou fazer uma babilônia que tenta agradar a gregos e troianos.

A tradicional festa da uva surgiu da necessidade dos colonos caxienses em expôr à nação o orgulho de ter construído uma cidade como Caxias, a pérola da colônias. Tendo o cultivo da uva como maior expoente dessa fartura, os colonos (não há termo mais apropriado, e os que creêm que isso seja insulto, que se informem) se organizavam através de suas comunidades, tanto rurais quanto urbanas, para desfilar pelas ruas de Caxias o dia a dia da cidade: os diferentes trabalhos, a realidade do campo, o cultivo da uva e a beleza de suas soberanas. Dessa forma a festa era um retrato de Caxias, tendo exposto nos pavilhões novidades agrícolas, frutos do trabalho na terra e a rica cultura ítalo-gaúcha, que sem desmerecer outras etnias que formaram Caxias, foi a verdadeira responsável pela formação do caxiense original.

Hoje em dia vemos uma verdadeira miscelânea que mais parece um carnaval desorganizado e sem enredo. Num desfile desconexo realizado sem a espontaneidade de outrora, demonstram uma história que tenta agradar aos turistas do centro do Brasil mas que perde o foco de mostrar o que é Caxias e como se formou. Nos pavilhões o que é realmente nosso está relegado às empresas mais representativas e à uma exposição de cachos de uva murchos. Não há nada relacionado à uva, nem mesmo a tradicional chimia, apenas comércio de badulaques e uma gastronomia fast-food comandada por pastéis paulistas e "baurus" de Porto Alegre.

Caxias deve sediar uma grande feira agroindustrial séria, haja visto a produção e o potencial hortifrutigranjeiro e descentralizar a tradicional festa às comunidades rurais do município, que conservam no seu dia a dia a tradição dos colonos que formaram nossa cidade.

Tenho muito orgulho de ser caxiense, apenas penso que devemos encontrar uma maneira mais sincera e real de demonstrar nossas origens e nosso presente ao Brasil.