terça-feira, 31 de março de 2009

Araucárias do Nonno (22 de março de 2009)

Fanático que sou por essas plantas que remetem aos dinossauros vagando pelos campos de cima da serra, encontrei uma forma muito bonita de homenagear o Nonno Bepe.

No dia 22 de março, domingo, a nonna lembrou de três mudas de pinheiro que o vô tinha feito e que estavam com mais de dois anos num canto do terreno. São originárias de umas sementes de pinhão-macaco que o pai e a mãe trouxeram do campo.

Com tempo muito bom, no dia da semana que a família mais gosta, me pus a plantá-las no terreno com carinho, respeito e saudade, que é grande.

A araucária é uma planta muito longeva, que cresce devagar e tarda a gerar suas sementes, o pinhão, que deu a força e o tutano para os meus ancestrais se estabelecerem e ainda representa fortemente a cultura do lugar onde nasci.

Espero que essas mudinhas cresçam e sirvam de exemplo para as futuras gerações de como deve ser a vida: crescer e acumular sabedoria, sabendo resistir aos períodos de crise, esperando o momento certo para prosperar, deixando uma semente nesse mundo, como o nonno deixou.

Penso muito no nonno e de como ele está feliz em me ver tão bem. Sei que ele está me observando e enviando boas energias, porém gostaria de sentar com ele na frente da sua casa para contar e ouvir as balota...

Pretendo acompanhar com muito sentimento o crescimento dessas plantas, logo postarei algumas fotos para o registro.

Cada dia me sentindo mais eng. agr.

Apresentação de estágio: como resumir dois meses conhecendo e trabalhando com mirtilo no Chile e um ano de trabalho na empresa no Brasil em 25 minutos?

Não descobri como fazê-lo e acabei passando. Assinalaram que eu andava pelos 10 minutos quando percebi que estava na sexta lâmina dum total de 41, a empolgação típica de um gringo faceiro tomou conta deste corpo de tomate cereja.

Relatar um momento tão importante da vida, não só acadêmica e profissional é algo que emociona, minha idéia era passar um pouco dessa empolgação à galera, vai que convenço alguém a ser meu fornecedor ;) !!

Na real ter realizado e apresentado o estágio foram alguns dos melhores momentos dentro da faculdade: lá fora é mundo real meu caro, isso aqui é copa do mundo... Um mundo malvado me espera lá fora, acredito estar preparado para encarar essa bronca, meter os peitos.

A promessa de estabilidade que me fizeram é tentadora e é uma segurança, mas há de se pensar que cinco anos e meio de estudo não podem ser desperdiçados, também não se pode esquecer os motivos que me fizeram ingressar nessa carreira, que acima de tudo forma um estilo de vida.

Enfim, a carroça anda pois parada não ganha frete... quando a coisa aperta não dá pra fugir. Que eu tenha forças de manter meus princípios e seguir meus sonhos.... ao passo que escrevo isso inicia no shuffle do LastFM IDEOLOGIA do Cazuza... realmente não existe acaso, deve-se ler os sinais...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Baudolino

A sonoridade desse nome despertou meu interesse de forma a forçar-me a dar uma espiada, já que estava dando sopa na estante de uma acolhedora casinha de madeira na serra de Campos do Jordão.

Numa sentada já li umas 80 páginas e me contagiei, a narração do próprio Baudolino (com uma cabeça que mais parece um leão, sendo que a minha é de porongo) despertou uma baita curiosidade. Chegando a São Paulo fui direto a livraria adquirir essa obra.

Trata-se de uma enorme aventura pela alta idade média, onde o maior mentiroso de todos os tempos, Baudolino, torna o mundo mais agradável aos que estão ao seu redor através da sua criatividade sem limites. Faz pensar bastante sobre a mentira, mostra que apesar de ser um ato falho e potencialmente prejudicial, também pode trazer a esperança ou a busca por algo inalcansável, pois, como diz um de seus amigos durante uma passagem, o importante mesmo é a busca, quando se encontra perde a graça.

Baudolino prova todas as emoções e segue sempre com o coração puro, fiel a seus princípios. O resultado de muitas das suas ações acaba sendo oposto ao seu desejo, mas mesmo assim, o fato de o desejo ter sido sincero já vale muito a pena (basta ser sincero e desejar profundo, já diria Raul).

Como outro livro que li de Umberto Eco (O Nome da Rosa), Baudolino é cheio de simbolismo e alegorias que permitem que o leitor tire a conclusão que quiser e não fique dependente da idéia que o autor quis transmitir. Assim pude traçar um paralelo muito importante entre a época em que ocorrem as aventuras do herói e os dias atuais, da mesma forma em que se encontra no livro muita sabedoria que nos faz falta nesses dias do fim do mundo.

Espero poder acumular a sabedoria do cabeça de leão, mais que isso, empregá-la. Principalmente se o desejo for sincero e a intenção boa.

Recomendo a todos a leitura desse clássico e espero poder postar outras impressões sobre outras obras, dando minha humilde colaboração.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

III Seminário de Fruticultura de Clima Temperado - São Bento do Sapucaí, SP

Mais uma aventura pelo mundo dos "berries"

A oportunidade de conhecer de perto outra região com grande potencial para ser pólo de produção de pequenas frutas foi uma experiência muito legal. Os produtores já estão bem ligados e se organizando, de forma que dá gosto ver sua animação e fé no negócio.

Acostumados com uma produção voltada muitas vezes ao turismo ou agroindústria agora encaram um novo desafio: produzir para o mercado in natura e extremamente exigente - meu difícil trabalho consiste em conferir a qualidade - porém a agricultura familiar em que a maioria se enquadra é especialista em qualidade, é a mais intensiva que há nesse aspecto, tudo que é feito com amor e carinho tem mais qualidade.

Eventuais leitores: o Brasil precisa de "berries", mexam-se, hehe.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Agropaulicéia desvairada

Há duas semanas na cidade grande (e eu pensava que Caxias era grande) já quase me acostumo ao trânsito, ônibus e trens lotados (um conceito novo de lotado, onde só lota quando nem o pensamento se mexe mais). Parece reclamação, mas não é: dia a dia contemplo esse espetáculo antropológico com paciência e bom-humor (segue com hífen né?).

EEEEE São Paulo, São Paulo da garoa... o Sílvio tem razão, todo dia tem dado uma chuvinha, bom para dar uma refrescada, até agora tenho ficado no limite do meu conforto térmico, numa boa.

Bendito é o Google Maps, que me ensina que ônibus devo tomar para cada lugar que devo ir, cheguei até a discutir com o cobrador sobr o itinerário, dr. Google não erra não mano. Mesmo assim uma perdidinha básica sempre ocorre, afinal é perdondo-se que nos encontramos (é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado... enfim).

Aqui vivo numa pensão que lembra a do ano passado em Osorno, quase a vila do Chaves outra vez. O bom é que é num bairro ótimo, com muito verde e tranquilidade, sequer há ruído de motor. A galera aqui é gente boa, já fui assador para uma família matogrossense inteira, churrasco na grelha com cortes estranhamente paulistas, vivendo, aprendendo e "grobalizando". Todo dia uma Itaipava geladinha me espera aqui em casa, junto com uma conversinha com os vizinhos. Após vem um belo banho e a comunicação com meus amores (especialmente a minha florzinha de pitanga), depois disso também já caio duro pois acordo sempre as 6.

O prefixo AGRO no título desse post tem o mero objetivo de chamar a atenção e evitar o plágio, o agro que vejo por aqui são minhas queridas pequenas frutas na câmara fria, chegando judiadas de uma longa viagem desde o Chile ou de uma curta porém turbulenta desde Campos do Jordão.
O CEAGESP cheira a agronomia (na verdade cheira a compostagem mal-feita). Lá tem de tudo e chega gente e produtos agropec do país inteiro, é impressionante, muito bom poder finalizar o curso de agronomia com essa experiência.

Meu escasso conhecimento em pós-colheita vem recebendo fortes contribuições por essa experiência prática, principalmente pelo fato de que há exatamente um ano atrás estava acompanhando a outra ponta do processo, a expedição da fruta no Chile. A idéia é que logo me torne um especialista do ramo no Brasil, muita pretensão e responsabilidade, mas uma necessidade. Humildemente trabalharei para isso, já tenho o respaldo de gente da vanguarda no negócio. Que convencido que sou!

Saudade do RS e de tudo e todos que lá estão, que me amam e são amados, especialmente minha família, minha morena e meus amigos. Também de um bom mate, churrasco...